Senhor Professor:

É possível que você nunca tenha ouvido falar em Síndrome de Tourette. Entretanto, esta síndrome engloba uma série de sintomas que podem afetar consideravelmente o desempenho de uma criança na escola, tanto em termos acadêmicos quanto em relação a seu comportamento. Portanto, torna-se importante que você saiba um pouco sobre o problema. A sua motivação em tomar conhecimento da Síndrome de Tourette através deste folheto já representa um grande passo no objetivo de ajudar ao máximo a criança portadora desta síndrome. Os pais, a criança, os profissionais médicos e para-médicos e, especialmente, os professores, todos trabalhando em equipe, podem assegurar que essas crianças atinjam todo o seu potencial.

Este folheto é organizado em três seções. A primeira descreve a Síndrome de Tourette – suas causas, sintomas e tratamentos. Na segunda parte, sugestões são oferecidas para professores e demais profissionais da escola (orientadores, psicólogos, por exemplo) compreenderem as necessidades específicas. São exemplificadas, também algumas perguntas com sugestões de respostas, comumente colocadas por professores que lidam com crianças com a Síndrome de Tourette e duas famílias.

Uma situação possível

Uma criança em sua classe causa perplexidade. Ela é inteligente, amigável, preocupada em agradar, geralmente bem comportada e educada. Entretanto, sem nenhum motivo aparente, ela perturba a aula com roncos desagradáveis.
Ela também pisca os olhos constantemente, apesar do médico de olhos afirmar que ela não precisa de óculos, e também persiste em se mexer muito no assento.
Você já conversou com a criança e com os pais dela sobre esse comportamento, porém ela continua a apresentá-lo.
Você para e pensa: será que ela está chamando a atenção porque seus pais se separaram há pouco tempo? Será que está muito ansiosa em relação a alguma coisa? Ou será que apresenta algum problema emocional que não parece óbvio?
Finalmente, você é informado que um médico levantou a possibilidade dela ser portadorada Síndrome de Tourette. Mas, e agora? Como lidar no dia-a-dia em Sala de Aula com o aluno que tem esta Síndrome?

O que é a sindrome de tourette?

A Síndrome de Tourette (ST) é um distúrbio neuropsiquiátrico. Tipicamente, os sintomas da ST aparecem na infância, e a época mais comum para o surgimento dos movimentos é nas séries iniciais do primeiro grau. Desta forma, os professores podem ser os primeiros a observar os sintomas da ST. Há quatro aspectos básicos que caracterizam o distúrbio. Enquanto que estes quatro aspectos básicos são necessários para o diagnóstico, há comportamentos associados que frequentemente são observados em pacientes com a ST. Estes comportamentos serão abordados mais adiante.

A criança com a ST exibe múltiplos tiques motores involuntários. Estes tiques podem ser movimentos súbitos da cabeça, ombros ou até mesmo de todo o corpo; piscar ou virar de olhos; caretas; ou comportamentos repetitivos de tocar coisas ou bater com os dedos. Em algumas crianças estes movimentos assumem um padrão muito complexo e podem até mesmo incluir comportamentos direcionados do tipo cheirar objetos ou ligar e desligar as luzes repetidamente.

O segundo aspectos da ST engloba os chamados tiques fônicos – emissão involuntária de ruídos, palavras ou expressões. Entre estes podemos incluir: fungar, pigarrear ou tossir repetidamente; uma variedade de sons ou gritos; risos involuntários; ecolalia (repetição do que outra pessoa acabou de dizer); palilalia (repetição de palavras que criança acabou de dizer ou emissão em série de várias palavras); coprolalia (dizer palavras socialmente inapropriadas). Este último tipo de tique fônico na verdade não é muito comum, porém parece ser um dos mais conhecidos.

Outro aspecto característico da ST é o vai-e-vem dos sintomas. Há fases em que os tiques são muito intensos e outras em que a criança aparenta estar livre dos sintomas.

Finalmente, os sintomas da ST mudam com o passar do tempo. Em uma determinada idade a criança pode exibir piscar de olhos e fungação. No ano seguinte ela pode elevar um dos ombros e estalar a língua, por exemplo.

Outra característica especialmente marcante da ST é que os tiques, embora involuntários, podem ser suprimidos durante alguns segundos ou por períodos mais prolongados por determinadas crianças. Desta forma, uma criança com tique fônicos pode permanecer totalmente quieta durante a missa e, no caminho de volta para casa, os tiques eclodirem com maior intensidade e frequência do que de costume. Estes aspectos da ST podem, erroneamente, levar as pessoas a acreditarem que os comportamentos são propositais, que a criança não possui nenhum tique, ou ainda, que o faz com o objetivo de chamar a atenção para si.

O que causa a síndrome de tourette?

Até recentemente, as pessoas com a ST e suas famílias sofriam muito já que a razão do seu comportamento estranho não era compreendida pela comunidade médica. A maioria recebia um diagnóstico incorreto e tratamentos inapropriados, e os médicos diziam que elas tinham um problema causado por uma variedade de distúrbio neurológico, com sintomas associados que afetam o comportamento. É muito bom que os professores conheçam os sintomas deste distúrbio, já que os educadores frequentemente se encontram na melhor posição para observar o comportamento de uma criança por períodos de tempo prolongados.

Atualmente é aceito que a ST, juntamente com alguns problemas associados, é um distúrbio com grande componentegenético. É comum encontrar um ou mais tiques motores ou comportamentos associados ao distúrbio em membros da família do paciente, e consequentemente, os pais destas crianças frequentemente, têm sentimentos de culpa por terem transmitido este problema a seus filhos, como ocorre com todos os distúrbios geneticamente transmitidos. É importante ser sensível a isso ao conversar com os pais.

Tratamento da síndrome de tourette

Quando os tiques são discretos, a criança pode ser diagnosticada e não necessitar de tratamento médico. A aceitação do fato de que os sintomas e comportamentos estão fora do controle da criança e não são propositais, são suficientes para permitir que a criança funcione confortavelmente na escola e em casa. Também pode ser útil informar aos pais e aos colegas de turma sobre a ST, a fim de que eles possam entender o motivo dos tiques. Em alguns casos, entretanto, os tiques podem incomodar tanto a criança a ponto de tornar aconselhável o tratamento médico. Infelizmente não existe uma “pílula mágica” capaz, ao mesmo tempo, de abolir os sintomas e não apresentar efeitos colaterais prejudiciais à criança. Muitas das medicações utilizadas atualmente podem apresentar sérios efeitos colaterais, sendo mais comum ganho de peso, sonolência e “lentidão de raciocínio”. Além destes, também pode ocorrer inquietude, sintomas depressivos, fobia à escola ou até mesmo reações alérgicas graves. Assim sendo, as medicações capazes de ajudar também apresentam o potencial de tornar a criança sonolenta ou menos apta a se concentrar e aprender na escola. As medicações, embora reduzam os sintomas, raramente os eliminam por completo. Portanto, cabem os pais e médicos decidirem se os benefícios da medicação superam os efeitos indesejáveis. A informação sobre o funcionamento da criança no dia-a-dia na sala de aula é fundamental para este processo de decisão, sobre a necessidade de medicação. Deve-se sempre buscar a medicação com menos efeitos colaterais para cada criança e na menor dose eficaz possível. É muito importante o acompanhamento contínuo por um médico capacitado que avalie quando medicar, monitore os efeitos adversos e discuta com o paciente e sua família sobre a necessidade de manutenção ou não da medicação.

Distúrbios associados

Para muitas crianças com a ST, os tiques são os únicos problemas capazes de afetar sua adaptação na sala de aula. Pesquisadores clínico s observaram que há uma associação entre a ST e vários outros distúrbios que afetam diretamente o comportamento e o aprendizado. Muitas vezes, estes outros problemas representam o maior desafio para os educadores.

Transtorno de Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

Uma alta porcentagem de crianças encaminhadas para tratamento da ST também apresenta problemas no grau de atenção, na atividade motora e no controle dos impulsos. Muitas vezes, são estes fatores os que mais interferem na sala de aula. O tratamento das crianças com esse problema somado à ST é complicado, já que a maioria dos medicamentos tipicamente usados para tratar problemas de atenção podem acentuar os sintomas da ST.

Comportamentos obsessivo compulsivos

Algumas pessoas com a ST também apresentam comportamentos obsessivo-compulsivos, havendo uma necessidade incontrolável de completar determinados rituais. Estas pessoas podem refazer uma tarefa muitas vezes por causa de pequenas, quase que imperceptíveis imperfeições. Algumas crianças, podem praticar rituais como “igualar”, ou seja, tocar em um braço e depois o outro o mesmo número de vezes, ou um ritual do tipo tocar ou andar aos pulos antes de entrar em uma sala. Ao crescerem, podem começar a acreditar que alguma coisa ruim irá acontecer a eles ou aos outros se o ritual não for completado. Em uma sala de aula, esses comportamentos podem, algumas vezes, dificultar a execução adequada de uma tarefa. Quando esses sintomas são graves e intensos, recebem o nome de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Distúrbios de aprendizagem

Um número desproporcionalmente alto de criança tratadas para a ST também manifesta alguma forma de distúrbio de aprendizagem. Problemas de integração visuo-motora, que dificultam a execução de tarefas escritas, são bem comuns. Porém, dependendo da criança, todo o espectro de distúrbios de aprendizagem pode ser observado.

Tratamento dos distúrbios associados

Qualquer um dos distúrbios associados, pode requerer tratamento por profissionais, especializados, dependendo da gravidade. Medicação, psicoterapia, educação especial e modificação do comportamento podem ser usadas dependendo do problema. Da mesma forma que todas que todas as crianças possuem uma condição médica crônica, as crianças com ST podem necessitar de aconselhamento e apoio, a fim de ajudá-las a lidar com o impacto social e tensional de seus sintomas. O diagnóstico apropriado de cada uma destas dificuldades é necessário antes de dar início a qualquer tratamento. Jamais se deve pressupor, que uma criança que tenha a ST necessariamente apresentará estes outros sintomas. Um professor bem informado, que possa se envolver no planejamento global de ajuda à criança com a ST, é crucial pra o futuro ajuste e bem estar desta criança.

A criança com a síndrome de tourette

Não há uma criança “típica” com Síndrome de Tourette. Cada criança é única. Algumas crianças podem possuir talentos artísticos ou musicais, outras serem atletas excepcionais. Algumas são charmosas com um excelente senso de humor, outras são sérias e estudiosas. Uma criança com ST é apenas isso – um indivíduo único com alguns sintomas de um distúrbio neuropsiquiátrico. O professor que vê sempre a criança e não apenas os sintomas, é de uma importância para o desenvolvimento de uma auto-imagem equilibrada e positiva na criança com ST.

Gerenciamento do aluno com síndrome de tourette na sala de aula

Lidando com os Tiques

Para muitos alunos, o único aspecto da ST a se tornar evidente na sala de aula são os tiques. A reação do professor aos, tiques/cacoetes reveste-se de uma grande importância. O professor e outros membros da equipe pedagógica são os adultos mais frequentemente envolvidos com a vida de um aluno com a ST. Este envolvimento são só confere uma séria responsabilidade como também uma grande oportunidade para exercer um impacto positivo e duradouro no ajustamento da criança coma ST e na sua aceitação pelos colegas de turma.

Dicas para a sala de aula

Em alguns casos os cacoetes e ruídos podem atrapalhar a aula. É importante lembrar que eles ocorrem involuntariamente. Não haja com raiva! Isso pode exigir paciência de sua parte, mas repreender o aluno com ST é como repreender uma criança com paralisia cerebral por ser desajeitada. A criança com ST que é chamada atenção devido aos seus sintomas torna-se muitas vezes hostil em relação à autoridade e fica receosa em relação à escola. Além disso, você estará servindo de modelo para a reação das outras crianças da turma. Se o professor não for tolerante, os outros na sala sentirão liberdade para ridicularizar a criança com ST. Os professores são, sem dúvidas referência para os alunos. Portanto, uma atitude positiva e a aceitação dessas crianças, são fundamentais para que elas se adaptem ao grupo e vice-versa. Se sentir algum tipo de tensão no aluno com ST, ou mesmo observar que ele se encontra angustiado ou nervoso, você pode proporcionar à criança, oportunidades para pequenos intervalos fora da sala de aula, para que ela extravase. Pode falar para a criança ir “tomar um copo de água”, por exemplo, e ela perceberá a oportunidade e o fará com bons resultados.

Um lugar reservado como a sala do médico ou da orientadora, pode ser adequado para dar vazão aos tiques, poder conversar a respeito com o aluno.

Alguns alunos com ST querem, e conseguem suprimir seus tiques durante um curto espaço de tempo, porém, há a necessidade de descarregá-los devido a um aumento da tensão emocional no decorrer do dia.

Um intervalo em um lugar reservado, a fim de relaxar e liberar os tiques, pode muitas vezes reduzir os sintomas na sala de aula. Estes pequenos intervalos podem aumentar a capacidade de concentração da criança, já que ela não estará usando toda a sua energia e concentração, na supressão dos tiques.

Permita, se necessário, que o aluno com a ST faça provas/exames, em um local reservado, para que não haja gasto de energia emocional na contenção dos tiques.

Trabalhe com outros alunos da turma e da escola a fim de ajuda-los a entender os tiques e a reduzir as implicâncias e ridicularizações. Explicar o que acontece com o aluno, pode ser simples, como por exemplo, dizer que o aluno tem a ST, a qual consiste em movimentos involuntários – que são os tiques motores e/ou vocais – os quais ele não tem como controlar, tal como um espirro (quem consegue controlar se um espirro vai acontecer, ou ainda, você consegue controlar uma crise de soluço?), pois então, ele não consegue conter os tiques, por isso, os colegas que convivem com ele, compreendendo o fato, podem ajudá-lo compreendendo-o e abstraindo-se dos sons e movimentos que ele produzir, tratando-o como todos os demais, e lembrando-se de que todos nós temos nossas particularidades e todos, sem distinção, merecemos todo o respeito. Sane as dúvidas e os oriente para que não repreendam o aluno com a ST quando da emissão dos tiques motores e/ou vocais, mesmo que recorrentes, mesmo que os incomode, devido à impossibilidade de seu controle.
Se necessário, solicite à ASTOC ST, o folheto “Marcos e Cacoetes” escrevendo para o endereço no final deste folheto ou para mais informações acesse, www.astocst.com.br

Caso os tiques de uma criança se tornem muito incômodos, você pode por exemplo, no caso de uma apresentação oral para a turma, evitar temporariamente que a criança se dirija em voz alta para a classe, dando outro papel ou tarefa para esta criança exercer na atividade da turma, sem alardes.

O aluno pode ainda, gravar exercícios orais de forma que ele possa ser avaliado sem o “estresse” de se expor diante da turma.

Você deve ter em mente que o aluno com ST está tão frustrado quanto você a respeito da natureza incômoda dos tiques. O professor se tornado um aliado desta criança, e ajudando-a a lidar com este distúrbio, juntamente com a família e outros profissionais, pode tornar a vida acadêmica da criança com ST uma experiência enriquecedora.

Lidando com problemas de escrita

Uma percentagem significativa de crianças com ST também possui problemas de integração visuo-motora. Portanto, tarefas que exijam que esses alunos visualizem, processem e escrevam também prejudica a cópia do quadro negro ou de um livro, a execução de longas tarefas escritas e a apresentação de trabalhos escritos. Até mesmo crianças com a ST que não tenham problema algum para formar conceitos, podem ser incapazes de terminar um dever escrito por dificuldades visuo-motores. Algumas vezes, pode parecer que o aluno é preguiçoso ou “enrolador”, mas, na verdade, o esforço para colocar a tarefa no papel é massacrante para esses alunos. Muitas vezes eles têm problemas de coordenação motora, outras vezes de concentração ou mesmo prejuízo pelos próprios tiques. Isse deve ser diferenciado por um profissional capacitado para que as medidas corretas sejam tomadas.

Há uma série de medidas que podem ajudar as crianças com dificuldades de escrita.

Modifique as tarefas escritas permitindo que:

A criança execute problemas alternados de uma página do livro de aritmética;

A criança apresenta os seus trabalhos oralmente caso não consiga colocar no papel suas ideias;

Um familiar, ou outro adulto atue como uma “secretária” de modo que o aluno possa ditar suas ideias, para facilitar a formação de conceitos. É bom concentrar-se no que a criança aprendeu e não na quantidade de trabalho escrito produzido.

Se o aluno com ST, tiver problemas visuo-motores – ele pode não conseguir escrever rapidamente, consequentemente deixando de anotar informações importantes – você pode designar um colega de turma que utilize papel carbono para fazer cópias de anotações e de deveres de casa (neste caso, este colega deve ser um aluno confiável) lembre-se de agir com discrição, a fim de que a criança com ST não se sinta ainda mais diferente do que já pode perceber ser; outra opção é permitir a gravação das aulas.

Se a sua escola tem provas com sistema computadorizado de pontuação, permita que o aluno escreva na própria folha de prova. Este medida, pode evitar notas baixas causadas pela confusão visual que pode ocorrer quando do preenchimento do cartão de respostas

f) Dê, sempre que possível, tanto tempo quanto o necessário para a execução das provas/exames. Mais uma vez, avalie a necessidade de dar provas em outra sala, no sentido de evitar problemas como, por exemplo, distração para o resto da turma ou para si mesmo;

Aluno com problemas visuo-motores geralmente apresentam erros de ortografia. Não considere os erros de ortografia e encoraje o aluno a reler o texto produzido, para a percepção e correção de eventuais erros; neste caso aconselha-se avaliação por profissional especializado em dislexia.

h) Avalie a caligrafia do aluno, baseando-se no seu esforço mais do que no seu rendimento, pois o controle motor muitas vezes é insuficiente para uma boa caligrafia;

Alunos com ST apresentam dificuldades especiais para a execução de exercícios escritos de matemática. Eles podem ser auxiliados pelo uso de papel milimetrado com quadros grandes, ou com papel pautado comum, colocado de lado, a fim de formar colunas para o cálculo. O professor também pode permitir o uso de calculadoras para cálculos simples. Deve-se neste caso também diferenciar se há um problema de aprendizagem específico de matemática ou se é efeito colateral de medicamentos que podem estar prejudicando o raciocínio.

Estas medidas podem representar a diferença entre um aluno motivado, bem sucedido e um aluno que se sente um fracasso o que começará a evitar as tarefas escolares por nunca conseguir bons resultados.

Lidando com problemas de linguagem – gerais e relacionados à síndrome de tourette

Algumas crianças com ST têm sintomas que afetam a linguagem. Há dois tipos de problemas: os que são comuns a outras crianças e aqueles especificamente associados, aos tiques da ST.

As seguintes medidas podem ser úteis ao lidar com problemas de processamento de linguagem relacionados a dificuldades gerais de aprendizagem.

Forneça tanto informação visual quanto auditiva sempre que possível. O aluno poderia receber informações escritas e orais, ou uma cópia do roteiro de aula enquanto ouve as instruções. Gráficos e gravuras que ilustrem o texto também ajudam bastante.

De instruções em uma ou duas etapas de cada vez. Quando possível, peça ao aluno para repetir as instruções para você. Em seguida faça com que o aluno complete um ou dois itens e verifique se ele os fez adequadamente.

Se você perceber o aluno resmungando enquanto trabalha, sugira a ele que sente em um lugar onde não incomodará os outros (obviamente, sem expressar o motivo pelo qual está mudando-o de lugar. Este sigilo é essencial para preservar a autoestima do aluno);

Entre os problemas de linguagem característicos da criança com a ST encontra-se a repetição de suas próprias palavras ou de outra pessoa. Estes sintomas pode parecer gagueira, mas na verdade há omissão de palavras ou expressões. Outros alunos podem se aproveitar deste problema, sussurrando ou dizendo coisas inapropriadas de forma que a criança com a ST involuntariamente ou são de difícil controle as repita e “entre numa fria”. Você deve estar atento a este problema:

Faça com que o aluno tenha um pequeno intervalo ou mude para outra tarefa.

Há casos nos quais a criança fica muito tempo “presa”, voltando à palavra anterior durante a leitura, sem conseguir avançar. Neste caso, proporcione à criança um cartão com um recorte em formato de “janela” que permita a ela enxergar uma só palavra por vez. De modo que o aluno deslize a janela pela linha que está lendo de modo que a palavra anterior é coberta e as chances de ficar “preso” insistentemente a uma palavra diminuam e ela tenha progresso na leitura;

Há casos também, nos quais a criança escreve e apaga sem parar não conseguindo avançar nas tarefas. Neste caso, faça com que o aluno use lápis ou caneta sem borracha e se ele mesmo assim não conseguir avançar, permita que o aluno complete o exercício oralmente; se este problema for recorrente, pode ser sintoma de TOC.

Dentre os problemas de linguagem característicos da criança com a ST encontra-se a repetição de suas próprias palavras ou das palavras de outra pessoa. Estes sintomas podem parecer gagueira, mas na verdade, são repetições de palavras ou expressões. Acontece, de alunos se aproveitarem deste problema, sussurrando ou dizendo palavras inapropriadas, de forma que a criança com a ST, involuntariamente as repita e “entre numa fria”. Você deve estar atento a este problema para não cair na armadilha.

A sua capacidade e flexibilidade como educador, pode fazer toda a diferença do mundo no futuro da criança portadora deste distúrbio neurológico.

Lidando com problemas de atenção

Além das dificuldades de aprendizagem, muitas crianças com a ST possuem graus variáveis do TDAH. Como mencionamos anteriormente, o tratamento médico deste problema em crianças com a ST é complicado mas possível, e merece acompanhamento com profissionais capacitados.

As sugestões que se seguem podem ser úteis ao aluno com a ST e Problemas de Déficit de Atenção:

  • Coloque a criança sentada na primeira fileira, em frente ao professor, com o intuito de minimizar a distração causada pelas outras crianças.
  • Evite colocar a criança sentada perto de janelas, portas ou outras fontes de distração.
  • Proporcione ao aluno a possibilidade de um lugar calmo para estudar. Pode ser em uma sala vazia ou na biblioteca. Este lugar não deve ser usado como punição, mas sim como um lugar para onde a criança possa se dirigir quando estiver com dificuldades de concentração;
  • O aluno deve trabalhar intensamente durante curtos períodos de tempo, com intervalos para ajudar o professor em alguma atividade ou simplesmente ficar em seu assento.
  • Mude as tarefas com frequência. Por exemplo, passe alguns problemas de matemática, depois muda para caligrafia, etc…
  • Combine a execução de tarefas com antecedência. Um número específico de problemas deve ser resolvido dentro de um tempo pré-determinado. Seja realista. Alunos com problemas de atenção não podem fazer duas ou mais atividades independentes ao mesmo tempo. Exercícios curtos com verificações freqüentes são mais eficientes.
  • Com uma criança mais jovem, uma atitude simples, como colocar a sua mão no ombro dela, pode ser útil como um lembrete para manter a atenção no que está sendo dito.

Os alunos com st necessitam de educação especial?

Como mencionado anteriormente, a variabilidade entre as crianças com ST é grande. Algumas necessitarão de serviços educacionais especializados devido à associação entre distúrbios de aprendizagem e de comportamento. Estas necessidades têm que ser individualmente avaliadas por profissionais familiarizados com a ST. A natureza incômoda dos tiques não é, por si só, um motivo para excluir uma criança de uma sala de aula normal.

Um desafio, é uma grande Oportunidade

Educar uma criança com ST pode proporcionar desafios interessantes. Quanto mais você conhece e entende o distúrbio, mais capaz você será de ajudar o desenvolvimento desta criança.

O fato é que você dispõe de uma tremenda oportunidade de ter um importante impacto na vida desta criança.

Crianças com a ST que conseguem se sentir confortáveis com seus professores e colegas,“brilham” na escola e se tornam indivíduos capazes de desenvolver seus talentos e prestar uma contribuição muito positiva à sociedade.

Entretanto, aquelas crianças cujos sintomas são mal compreendidos ou que não encontram apoio na escola, carregam um enorme peso emocional.

Para a criança, a escola, é a arena onde se é testado. A imagem de competência, sucesso e valor que a criança tem de si mesma é tremendamente afetada pelas experiências escolares.

Conhecimento, apoio, paciência, flexibilidade e carinho são os melhores presentes que um professor pode dar a uma criança com a ST.

Promover palestras com especialistas no assunto é uma forma de minimizar os problemas e levar conhecimento à escola.

Perguntas geralmente feita por professores:

Pergunta: Eu li suas sugestões de como ajudar o aluno com a ST na sala de aula. Entretanto, eu tenho que dar atenção ao resto da turma, que geralmente tem 30 alunos ou mais. Como é que eu vou arranjar tempo

Resposta: A implementação destas sugestões realmente demanda tempo extra. Entretanto, as pessoas que escolhem o magistério, em geral, o fazem porque querem participar do crescimento e desenvolvimento de crianças. Este desejo de ajudar as crianças é especialmente importante para a criança com ST.
Além disso, se você refletir sobre todo o tempo que você já gastou tentando achar válida a adoção de algumas destas sugestões, longo prazo, você pode poupar tempo e diminuir o seu estresse e o da criança ao criar uma situação na qual a criança tenha uma chance de progredir.

Pergunta: O que eu devo fazer se achar que uma criança na minha turma tem a ST?

Resposta: É importante que primeiramente você informe aos pais, cuidadosamente, da possibilidade de a criança ser portadora deste distúrbio. Além disso, você pode indicar aos pais que entrem em contato com a ASTOC ST, por meio de diversos canais de comunicação, para sanar dúvidas.

Pergunta: Se uma criança tem ST, esse distúrbio irá necessariamente piorar com o tempo?

Resposta: Embora estejamos apenas começando a estudar o curso natural deste distúrbio, já existem algumas informações. ST não é degenerativa. Após o surgimento dos tiques na infância, os sintomas podem se acentuar até certo ponto e depois mudar com o tempo. Entretanto, a maioria dos pais e crianças com a ST relata uma estabilização dos sintomas com um quadro de melhora ou desaparecimento ao término da adolescência. Até o presente momento, não se sabe apontar que alunos apresentarão esse progresso.

Pergunta: Há uma criança na minha turma cujos pais dizem ter ST. Eu não observei todos os sintomas que eles descrevem. Será que eles estão inventando?

Resposta: Não, não estão. As crianças podem suprimir os tiques por períodos de tempo variáveis. Geralmente elas fazem isso na escola para não serem ridicularizadas pelos colegas. Em casa, onde é seguir, os tiques se manifestam com mais intensidade. Infelizmente, a criança ao suprimir os tiques na escola deixa de se concentrar em seus estudos. Para sugestões, veja, por favor, a pág.5, lidando com os tiques.

Pergunta: Uma criança na minha turma toma remédios para a ST. Ela frequentemente parece “desligada” e até mesmo já dormiu em aula. O que devo fazer?

Resposta: Não deixe de informar aos pais. O professor é, via de regra, o melhor observador dos problemas e dos efeitos da medicação. Como parte da equipe de tratamento, o valor de suas observações é incalculável. A criança tem que conseguir funcionar efetivamente na escola para se considerar a intervenção medicamentosa válida.

Pergunta: Eu não consigo, muitas vezes, distinguir tiques de comportamentos propositais em uma criança da minha turma. Como posso fazê-lo?

Resposta: Você está em boa companhia. Até mesmo um grupo internacional de experts no assunto não estaria totalmente de acordo sobre o que é um cacoete e o que é simplesmente um problema de comportamento. Os pais também encontram essa mesma finalidade. A melhor coisa a fazer é conversar com os pais e médicos da criança e ver se eles ajudam você a a identificar. Uma conversa com o aluno pode ser proveitosa. Se o aluno relatar uma compulsão para fazer alguma coisa pode ser que seja ST ou TOC. Isso não significa que você tenha que aceitar um comportamento socialmente intolerável. O aluno pode necessitar de uma assistência médica ou outros profissionais familiarizados com a ST a fim de lidar com estes problemas. Enquanto isso, lembre-se que a raiva e punição são contraproducentes. Um lugar seguro, onde os tiques possam ser descarregados, pode ser necessário algumas vezes, mas esta medida não é a solução completa do dilema.

Pergunta: Eu tenho um aluno com a ST em minha turma, e tenho encontrado dificuldades em lidar com seu comportamento. Frequentemente converso com os seus pais. Entretanto, toda vez que eu tento conversar, eles parecem muito aborrecidos comigo e não a entender que os problemas do aluno são culpa minha. O que eu devo fazer?

Resposta: Tente lembrar-se que os pais estão tão frustrados quanto você a respeito desses problemas, e eles estão ainda mais chateados por ser o filho deles. Eles vêem você como um expert em crianças e esperam que você seja paciente e compreensivo, embora muitas vezes fora da realidade, eles esperam que você possa resolver o que eles não podem. Além disso, eles sabem que a criança está sofrendo e querem protegê-la de qualquer estresse ou ameaça. Finalmente, os pais de alunos com ST frequentemente já tiveram a experiência de que “os outros não acreditam neles” e “não entendem as necessidades de seus filhos”.
Portanto, às vezes, eles podem ficar um pouco nervosos e se exaltarem. Se isso algum dia acontecer, tente expressar suas preocupações e frustração em colocar culpa neles ou na criança e não se esqueça de que muitas destas reações são decorrentes da impotência destes pais diante da síndrome de seu filho.

Pergunta: Onde posso conseguir mais informações sobre ST?

Resposta: Acesse o site: www.astocst.com.br Existe um filme que pode ser assistido através do YOUTUBE, que explica muito bem e de forma muito simples a Síindrome de Tourette, que se chama: “O PRIMEIRO DA CLASSE”, vale a pena assistir, inclusive o portador de ST, no caso deste filme, é o professor.

 

Este material foi adaptado do material veiculado por Prof. Dr. Gilberto Ne Ottoni de Brito
Laboratório de Neuropsicologia Clínica no Setor de Neurociências – Instituto Biomédico – UFF

End .: Rua Hernani Mello, 101 / Niterói, RJ / Cep.: 22.401-000

Agradecemos a autorização dada pela TouretteSyndromeAssociation para a tradução do folheto “Educador Guideto TouretteSyndrome”
Traduzido por Mauro Fernando Cardoso Lins (Acadêmico de Medicina da UFF e Bolsista de Iniciação científica do CNPq).

Texto adaptado pela Dra Ana G. Hounie